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-Porra Bernardo!           -O que foi?!           -Sai dessa merda desse celular, mano!           -Cala a boca seu bostinha!           - Desde que a gente chegou você não sai do Instagram, velho, porra, é aniversário da vó!           - Tio, que diferença que faz se eu desligar o telefone?! Porra, eles tão bebendo do outro lado da chácara, nem sabem que eu estou aqui.           -Justamente! Era para a gente estar lá com eles, não aqui, fazendo porra nenhuma. Fora que também é foda ficar aqui assistindo você mexer no Instagram.           -Ah, me erra, ninguém tá te obrigando a ficar aqui, muito menos a me assistir mexer no telefone.           -Alguém já te disse que é foda conviver com você?!           -Não.           -Bom, porque é! Foda falar contigo de veze quando.           -Foda-se.           - Então tá........           Um silêncio desconfortável toma a sala. O primeiro garoto sai por um momento, vai em direção a cozinha, e de lá volta com um celular cem
Um banco de madeira bem envernizado. Um daqueles bem comuns, com curvaturas sutis em sua estrutura para confortavelmente receber as costas e traseiros de transeuntes cansados. Esse, em especial, tem pés pintados de um verde limo, um trabalho claramente amador, pois a tinta não está uniforme, provavelmente pintado pela comunidade local. Penso se esse banco uma vez já tivera os pés pintados de outra cor, se abaixo desse negro verde limo há algum outro pigmento esquecido pelo tempo e imagino o ferro denso abaixo de todas essas camadas ser sufocado e enterrado, ser esquecido. Penso que junto de cada camada abaixo do verde limo existe uma história, o relato de uma geração anterior. Nessas circunstâncias é praticamente impossível não antropomorfizar esse objeto, que, assim como os humanos, estabeleceu e estabelece relações, conheceu das mais ilustres até as mais medíocres personalidades, presenciou cenas chocantes e de certa forma já se pôs a bisbilhotar a vida alheia. Pense por exempl